Olhando para Deus.

O proposito a todo tempo é o de fazer com que nossa percepção seja dissolvida na percepção da essência de Deus. Para isso precisamos esquecer de tudo, exceto a cega percepção de nossa pura existência humana, limitada e pecadora. Voltar-nos para a consciência invisível do nosso ser, abre caminho para se elevar até o percebimento de Deus, de modo a ser vestido com a graça e a percepção da verdadeira essência de Deus. Isso é o que o perfeito amante faz: despe a si mesmo de si próprio, em nome daquele a quem ama, sem permitir ser vestido senão pelo alvo do seu amor, nem somente por um minuto mas para sempre ser absorvido nele, cheio dele e finalmente esquecido de si. Esse trabalho do amor é dado conhecer somente aquele que o experimenta. Isso é o que o Senhor quer dizer quando fala:

"todo aquele que quiser me amar, terá de se esquecer de si mesmo" ou na linguagem comparativa:

"dispa-se do traje do seu eu, se quer de fato se vestir de mim, Eu Sou o manto infinito do amor por toda eternidade e para sempre"

O homem precisa estar consciente de sua pobre cegueira e ter um desejo ardente de se libertar de si próprio como de um veneno. O coração se assenta de fato, não em cessar de existir, mas em abandonar o conhecimento superficial e teimoso do seu próprio ser. Perceba se puder que são nossas qualidades que se interpõem entre nossa vontade e nos mesmos (aquilo de queremos fazer é um desejo ansioso que nos corrompe). Todo o sofrimento do mundo não é nada comparado, com o pesado e o doloroso fardo de nossos conflitos internos. Nesse momento nos somos a nossa própria cruz. Assim "deve um homem carregar sua cruz", primeiro no sofrimento que seu eu lhe traz e então "seguir-me" entre os abençoados, para a mais alta perfeição. Nesse lugar, cada homem se encontra com sua enorme carência e pesar, querendo deixar de lado a consciência de si mesmo, e é neste lugar que encontramos graça e perdão que vem de Deus em seu perfeito amor.