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Participação no verbo - Metaxy de Platão (Interpretação, Reflexão, Análise e Julgamentos)

  • klebertavolaro
  • 29 de mai. de 2016
  • 4 min de leitura

No conjunto da existência, Platão discerne um certo número desses planos, e num deles ele situa o ser humano – uma realidade específica que

não pode ser explicada totalmente nem pela ordem geral do cosmos (a lei divina ou “Bem Supremo”), nem pelas propriedades que tem

em comum com os demais habitantes do planeta Terra, animais, plantas ou minerais. Dessa situação peculiar do homem na estrutura

do universo Platão extrai uma descrição analítica da natureza humana como a de um ser intermediário, que vive da “participação” ( metaxy ) simultânea e instável em dois planos de realidade, sem poder absorver-se por completo em nenhum deles: mal instalado no ambiente terrestre, ao qual busca adaptar-se por meio de engenhosos artifícios, não consegue também elevar-se à contemplação da ordem suprema, da beatitude divina, senão por instantes fugazes que enfatizam ainda mais a sua dependência do meio físico imediato. Platão resume isso dizendo que o homem é um tipo intermediário entre os animais e os deuses.

A palavra de Deus nos interpreta e não nós que interpretamos ela.

- Interpretar (nossa verdade) é concluir, deduzir a partir dos dados coletados.- a interpretação crítica consiste em concluir os dados e, em seguida, julgar, opinar a respeito das conclusões.

- refletir devemos refletir sobre nossa vida, sobre as pessoas, tudo que acontece. Diferentemente de analisar, não tomamos conclusões, apenas fazemos questionamentos, temos várias formas de respostas, várias escolhas disponíveis, e não ficamos limitados à nossa mera opinião.

- Analisar-se é levantar elementos para a compreensão e, posteriormente, fazer julgamento crítico. Analisar é algo que fazemos o tempo todo e com todos, qualquer pessoa que olhamos, qualquer pensamento que temos, qualquer palavra que ouvimos, estamos sempre analisando, para depois julgar

Julgar-se - formar conceito, emitir parecer, opinião sobre (alguém ou algo) O termo julgamento geralmente se refere à uma avaliação que considera uma série de fatores ou provas para a formação de uma decisão embasada.Segundo a lógica de Aristóteles, em qualquer julgamento, a união de sujeito (aquilo que está a ser discutido - ASSUNTO ) e predicado (aquilo que se diz do sujeito - PESSOA ) é feita pela cópula: o verbo “ser”. Esta, por sua vez, estabelece se o sujeito se adequa ou não ao predicado. “O ser humano é malvado” é um exemplo de julgamento, em que “ser humano” é o sujeito, “malvado” é o predicado e “é” é a cópula. O julgamento diz respeito à justiça, tratando-se de uma controvérsia jurídica entre partes que se apresentam a um tribunal para resolver um litígio. Durante o mesmo, as partes são ouvidas (audiência), o processo em si é analisado e apurado bem como todas as provas apresentadas e, no fim, é proferida a decisão final (ou “sentença”), sempre dentro do cumprimento da lei e da regulamentação em vigor,

 

Participação

As propriedades das figuras geométricas e a fisiologia cerebral permanecem irredutivelmente independentes entre si, embora de algum modo misterioso as duas se toquem no instante em que você estuda geometria. Elas residem em “planos de realidade” distintos. No conjunto da existência, Platão discerne um certo número desses planos, e num deles ele situa o ser humano – uma realidade específica que não pode ser explicada totalmente nem pela ordem geral do cosmos (a lei divina ou “Bem Supremo”), nem pelas propriedades que tem em comum com os demais habitantes do planeta Terra, animais, plantas ou minerais. Dessa situação peculiar do homem na estrutura do universo Platão extrai uma descrição analítica da natureza humana como a de um ser intermediário, que vive da “participação” ( metaxy ) simultânea e instável em dois planos de realidade, sem poder absorver-se por completo em nenhum deles: mal instalado no ambiente terrestre, ao qual busca adaptar-se por meio de engenhosos artifícios, não consegue também elevar-se à contemplação da ordem suprema, da beatitude divina, senão por instantes fugazes que enfatizam ainda mais a sua dependência do meio físico imediato Platão resume isso dizendo que o homem é um tipo intermediário entre os animais e os deuses.

Uma vez delineada assim a natureza humana, Platão coloca em seguida o problema de quais seriam as condições sociais e políticas mais adequadas ao desenvolvimento do homem segundo as exigências dessa natureza. É a essa investigação que ele consagra “A República”. Não se trata, pois, de uma proposta política, mas da construção de um conjunto de hipóteses. Como estas hipóteses estão sujeitas à avaliação crítica segundo os princípios anteriormente colocados e segundo a experiência de cada estudante (o próprio Platão fará mais tarde uma parte desse exame crítico, no livro das “Leis”), está claro que se trata de uma investigação científica no sentido mais rigoroso do termo.

O homem que vive na tensão erótica para o fundamento do ser é chamado daimonios aner [daimìniocan r], i.e., um homem que existe conscientemente na tensão do intervalo (metaxy) [ metaxÔ, in-between], no qual o divino e humano comparticipam um do outro. Na medida em que o apelo à nova Humanidade não é completamente ouvido ou é mesmo rejeitado o homem para quem ele se dirige cai ao estatuto de ser espiritualmente embotado, o amathes [.maj c]. O mundo passado, o novo mundo, e a oposição do meio são o âmago do campo da história que é constituído, respectivamente, por uma nova verdade que se experiencia a si própria como epocal. A experiência noética, interpretando-se a si mesma, ilumina o logos da participação.


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